PRINCIPE WILLIAM

29/04/2011 00:47

 Tapa no esnobismo

União do príncipe William com a plebeia Kate MIiddleton favorece a monarquia em vez de causar embaraço

 

Kate Middleton e a irmã Pippa chegam ao Hotel Goring, no centro de Londres, onde ela passou sua última noite de solteira - Reuters

LONDRES - O casamento do príncipe William com Kate Middleton promete ser uma brisa refrescante no que diz respeito às percepções da monarquia por súditos e admiradores. E não se trata apenas da beleza e da simplicidade dos noivos. A aceitação da origem plebeia de Kate desponta como um exemplo, vindo de cima, de que a obsessão dos britânicos com a noção de classes parece se diluir. Os Middleton há muito vivem em situação muito melhor que seus antepassados trabalhando em minas de carvão, graças ao sucesso dos pais de Kate, Carole e Michael, que trocaram os empregos de aeromoça e despachante da British Airways por uma empresa de material para festas infantis que os enriqueceu. O que ninguém esperava é que a ausência de berço da filha, porém, acabasse virando virtude em vez de embaraço.

- No Reino Unido, a mobilidade social está estagnada desde a Segunda Guerra Mundial e a maioria das pessoas ainda vai seguir a classe de seus pais. O caso de Kate é raro, mas uma princesa de origens não muito diferentes de muitos britânicos é um passo gigantesco para fazer crescer a admiração pela monarquia - argumenta Dominic Sandbrook, historiador especializado no Reino Unido do pós-guerra.

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O futuro do casal terá requintes: aparições públicas e viagens, além do conforto material proporcionado pela fortuna dos Windsor. Ao mesmo tempo, terá muitos desafios. Além da curiosidade pública, canalizada por uma mídia muito mais invasiva e com infinitas possibilidades multimídia - o que na época do casal Charles e Diana não havia - existe a obrigação de continuidade da dinastia. Se Diana, aos 19 anos, já enfrentou pressões para engravidar, o que esperar de Kate e seus 29 anos?

- O principal objetivo de Catherine é ser uma boa esposa, e ela sabe o que é esperado dela, inclusive iniciar uma família. A princesa deve tomar cuidado com o que faz, com o que diz; é fundamental se comportar como manda a etiqueta real - opina Dick Arbiter, comentarista que já trabalhou como porta-voz dos Windsor.

A pressão sobre o casal envolve ainda a expectativa de um desfecho mais feliz do que a maioria das uniões dos Windsor no século XX. Dos quatro filhas da rainha Elizabeth II, apenas o príncipe Edward, o caçula, ainda está casado. Tal histórico levou William a pedir uma moratória de dois anos para Kate em termos de uma agenda integral como princesa, para que sua adaptação ao cotidiano da realeza seja gradual. Diante do triste fim do casamento de seus pais, o príncipe se inspira na avó: em 1947, quando ainda era princesa, Elizabeth II morou por anos em Malta, onde estava lotado como oficial da Marinha o seu marido, o príncipe Philip. Também como a avó, William passará mais tempo longe de Londres, apesar de em território nacional, na ilha de Anglesey, no País de Gales, nas proximidades da base onde o príncipe serve como piloto de helicóptero de resgate.

Apesar do desejo de passar o maior tempo possível longe dos olhares públicos, já há aparições marcadas para assim que os dois retornem da lua de mel. No início de junho, participam do jantar de gala da Ark, uma ONG infantil que conta com o patronato de príncipes e princesas ao redor do mundo. Oficialmente, os compromissos são as comemorações, em junho, do 85º aniversário da rainha e o 90º de seu marido, o Duque de Edimburgo. De 30 de junho a 8 de julho, o casal fará sua primeira viagem oficial, ao Canadá.

Lua de mel para despistar paparazzi

O local da lua de mel, por sinal, é um dos mistérios para tentar despistar os paparazzi: comenta-se que William e Kate possam escolher desde ilhas do Caribe ou mesmo aceitar a oferta do rei Abdullah, da Jordânia, para ficar em sua vila particular às margens do Mar Vermelho. Também especula-se uma fuga para a Austrália e um retorno romântico à Gana, onde, no ano passado, o príncipe fez o pedido de casamento - a África seria um território apropriado para despistar a mídia.

- Será muito difícil eles se esconderem, ainda mais quando fotógrafos sabem que o interesse por fotos desses dois juntos pode gerar recompensas milionárias para quem as conseguir - explica Joe Clayton, consultor de relações-públicas de Londres.

Na noite de quarta-feira, William e Kate divulgaram um comunicado em que agradeceram ao carinho do público. Mas na quinta-feira o príncipe resolveu passar a mensagem pessoalmente, com uma aparição-surpresa diante das multidões que já começavam a se formar em frente ao Palácio de Buckingham. Passou vários minutos apertando as mãos de admiradores e conversando com eles. Quem também deu o ar da graça foi Camilla Parker-Bowles, a madrasta do príncipe.

Já Kate se concentrou no hotel de luxo no centro de Londres em que passou sua última noite como solteira, depois de mais um ensaio na Abadia de Westminster, local da cerimônia religiosa. Contou novamente com a companhia do padrinho de casamento, o príncipe Harry, irmão mais novo de William. Ao chegar ao hotel, a futura princesa posou rapidamente para as câmeras e acenou para o público. Sempre sorrindo.